Príncipe Real e Bairro Alto – (Parte II)
Fotografia : Cris Leal
Imagem conseguida através de uma das janelas do Bar Le Consulat, em Lisboa
Após o nosso retemperador brunch lá seguimos, com o nosso roteiro de aventura,
com mais umas paragens, (Aqui a nossa Dorita. Desculpa, querida a minha pouca habilidade para fotografar)...
para apreciar palacetes e predios com história, no Príncipe Real...
...até um pátio, (Pátio do Tijolo), com encantadoras casinhas em processo de recuperação ...
e, finalmente, eis-nos chegados ao nosso último destino. O Lost In
Lost In
j
No terraço de uma loja de artigos indianos nasceu uma esplanada surpreendente, escondida para lá de um túnel, com uma vista deslumbrante sobre a cidade de Lisboa, num espaço bem arranjado com elementos decorativos orientais.
E era , neste ambiente exótico e colorido, que pretendíamos relaxar numa daquelas cadeiras super confortáveis. Infelizmente, embora não nos tivéssemos perdido no caminho (ainda que comigo seja sempre melhor não arriscar), perdemos a oportunidade de bebericar um drink, porque o LOST IN “Ao Domingo está fechado”.
Depois desta enorme decepção decidimos descer à aventura e visitar o Bairro Alto.
Entrámos algo à toa, neste bairro que é o “Bairro", (o mais mítico bairro lisboeta), sem sabermos muito bem o que fazer ou onde ir.
Com 504 anos de vida, este Bairro podia dormir à sombra do seu estatuto e gozar calmamente a reforma, mas não quer. Prefere renovar-se todos os meses, com obras, recuperações, novos bares, lojas e restaurantes, sendo, desde meados de 1980, uma das zonas antigas mais alternativas da cidade.
Construído no fim do século XVI, o Bairro Alto é uma pequena área, mas, na realidade, é aqui que tudo se passa. Galerias de arte, bares, lojas.
De dia é um bairro típico com pequenas mercearias, escolas de arte e lojas que já não se encontram no resto da cidade.
À noite é a zona das novas tendências, da música, da dança e da moda, como em qualquer capital europeia.
Durante o século XIX e parte do século XX, muitos jornais e tipografias tinham aqui as suas instalações. Daí os nomes de ruas como Rua Diário de Notícias ou Rua do Século.
Este bairro foi sempre frequentado por jornalistas, artistas, escritoreses...
Uma curiosidade : Para além de Fernando Pessoa (que morreu no Hospital de São Luís dos Franceses a 30 de novembro de 1935), também o poeta Bocage morreu neste bairro. É verdade, Bocage morreu na Travese André Valente, no nº 25. Mas não houve só mortes. Também houve nascimentos a celebrar. O grande Camilo Castelo Branco nasceu no nº 13 da Rua da Rosa e, Almeida Garrett , após a sua separação, em 1839, viveu no nº 46 da Rua da Barroca.
...não deixando, todavia, de ser olhado durante muito tempo com desconfiança devido à prostitução e abundância de tascas.
Hoje os artistas continuam a preferir o bairro e os vidros duplos tornam tudo mais simples para quem vive por aqui.
Com muita pena nossa, e como estávamos um pouco sem rumo, a Carlinha, que tinha deixado o carrinho no Príncipe Real, despediu-se de nós.
Continuámos a nossa deambulação por aquelas travessas e ruas cheias de história e de “estórias”.
Assim, de travessa em travessa, de rua em rua chegamos à Praça Luís de Camões e, sem sabermos o que fazer, já estávamos a pensar nas despedidas.
Lembrou-se, então, a Dorita que tinha visto, na televisão, uma reportagem sobre um bar que tinha aberto , recentemente, ali na Praça Camões, onde tinha funcionado durante 104 anos o Consulado do Brasil. E, em boa hora se lembrou.
LE CONSULAT
,
Aqui nossa querida Cris Leal que daria uma lindissíma concierge
Ao chegarmos à porta de entrada de um edifício classificado, do século XVIII, onde ainda é possível ver madeiras das famosas “gaiolas pombalinas" (estrutura interna dos prédios da época), e lareiras com azulejos que serviam para aquecer cada sala,
que sentimos, respiram história, (porque o presente e o futuro são sempre feitos de muitos passados) descobrimos que para além de bar e hotel, este espaço tem, também,
no primeiro piso, uma galeria de arte. Esta galeria formada por sete salas tem, actualmente, patente a mostra “Panorama” com trabalhos de artistas emergentes, cujas obras vêm pela primeira vez a público. Curiosamente, entre os autores presentes está uma amiga do nosso Mário Calheiros, a Marta Ramos.
Depois da visita à exposição descobrimos, no mesmo piso, um amplo salão,
com enormes janelões pombalinos, com vista para o Chiado,
onde convivem o mobiliário vintage com as linhas minimalistas modernas, peças rurais genuinamente portugueses, para além, obviamente, do balcão de bebidas
e até, pasme-se, um altar antiquíssimo.
Neste enorme salão funciona o Aperitivo Bar, onde se pode saborear uma bebidinha, beber uma água tónica ou um chá (bebi um delicioso Earl Grey),
* Notinha de rodapé. Vejam os preços antes de encomendarem.....Quem avisa... mas vale a pena .
ou bebericar um vinho e comer um petisco, no Aperartivo Bar à Vins.
Ficámos (a Cris, a Dorita, o Mário e eu) verdadeiramente fans deste novo espaço, onde fomos servidos com toda a diplomacia, claro.
Feitas as despedidas chegamos ao fim deste nosso dia, prometemdo repetir, proximamente, mas, desta vez. com o "Galho Mais Composto de Pardalada"-
As fotografias são da Cris Leal, da Dorita La Rua e minhas.
Fotografias antigas blog : http://restosdecoleccao.blogspot.pt
Mandy Martins-Pereira escereve de acordo com a ortografia antiga.