Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]

A Senhora Dança? A Mandy pelas danças da vida.

Um blog para todas as mulheres depois dos “entas” . Mulheres que, na plenitude das suas vidas, desejam celebrar a liberdade de assumirem a sua idade, as suas rugas, os seus cabelos brancos e que querem ser felizes

A Senhora Dança? A Mandy pelas danças da vida.

INSPIRAÇÃO - Aos 76 anos, Gisella Amaral fez a sua primeira campanha para uma grife

Qualquer evento que se preze no Rio não pode prescindir da presença mais elegante da cidade: quase sempre com looks monocromáticos, com maxibijuterias e uma vasta e lindíssima cabeleira grisalha, Gisella Amaral adentra os salões com o sorriso mais sereno e irresistível do pedaço.

gisela_amaral-1

Em sua cobertura no Rio, tendo ao fundo obra de Claudio Tozzi, Gisella Amaral posa com look de seu acervo pessoal, da extinta grife carioca Santa Ephigênia (Foto: Daniel Mattar)

 

Aos 76 anos, Gisella contou que se surpreendeu ao receber o convite de Priscila Barcelos, directora criativa da Eva, a grife feminina do grupo carioca Reserva, para ser a musa de uma campanha da marca. “Top model, eu? Não sou modelo de nada, muito menos top. Eu sou base. Top model é meu marido”, diverte-se. “Ele é a grande estrela, e eu sou o palco para ele brilhar. Mas se o palco se zanga, sai de baixo”, completa. Ela posou duas vezes para a marca: num estúdio na região portuária do Rio e em sua cobertura, no Leblon, que também serviu de cenário para as fotos que ilustraram as páginas da Vogue.

gisela_amaral-2Foto : Daniel Mattar

Sua vitalidade emocionou Priscila e Dudu Bertholini, que foi o stylist da campanha. “Escolhemos Gisella porque não queríamos apenas uma modelo, mas um modelo. Ela é uma inspiração não só de elegância, mas também de força, de energia e de solidariedade”, justifica a estilista. O cachê será distribuído entre algumas das 39 entidades filantrópicas que Gisella apoia. “Tem algumas bem pobrezinhas, bem pequenininhas, que estão precisando muito. Neste momento de crise, eu não poderia perder a oportunidade de fazer isso por elas”, diz.

gisela_amaral-3Foto : Daniel Mattar

Na hora das fotos, sua inspiração foi Diana Vreeland, a mítica editora da Vogue americana nos anos 60. “Eu a encontrei algumas vezes, era uma mulher fascinante. Fazia gestos, olhares, marcava, se impunha. Era uma feia que ficava bonita ao segundo olhar”, relembra ela, que veste o que quer e gosta, independentemente de moda, tempo e lugar.

À excepção da aliança de casamento e de um anel de Nossa Senhora das Graças que lhe foi presenteado pela amiga Beth Serpa, não usa jóias. “Trabalhando com caridade, não consigo gastar com jóias”, explica. “Me acho muito sem graça, alta, marrom e, agora, de cabelo branco, pareço um charuto aceso. Então abuso de bijuterias, que têm o mesmo efeito de me enfeitar.”

Gisella chega a percorrer 14 lugares diferentes num mesmo dia, entre as instituições que visita e os compromissos sociais. “Montei um camarim no carro para ir trocando de roupa. Eu mesma faço minha maquiagem, que é basicamente lápis preto no olho. Não pinto unha, cabelo, boca, nada. Só meus olhos, que são pequenininhos”, conta. A silhueta impecável é mantida com ioga, pilates e 2.000 braçadas de natação.

gisela_amaral-4Foto : Daniel Mattar

Alguma coisa mudou nos seus 77 anos de vida ? “Se mudei alguma coisa, foi aos 41, quando sofri uma queda de cavalo, fiquei em coma e tive de reaprender tudo na vida. Só reconhecia meus filhos, meu marido e meu pai e, ainda assim, trocava os nomes. E só falava francês, um pouquinho de italiano, e com as plantas. Eu chorava dizendo que elas não quer iam ser minhas amigas porque não me respondiam. Quando eu não sabia alguma coisa, dizia tarará. Quero tarará, gosto de tarará. Não foi uma mudança; foi um renascimento.”

 

Fonte : VOGUE Brasil, com Bruno Astuto (Texto adaptado)